COLOCAÇÃO DE BALÃO INTRAGÁSTRICO

O balão intragástrico (BIG) é um recurso clínico de tratamento da obesidade que consiste na colocação de um balão de silicone no estômago por endoscopia, que preenche aproximadamente 50% da cavidade gástrica, promovendo diminuição do apetite e aumento da saciedade.

Quando bem indicado, o balão proporciona uma valiosa oportunidade de reeducação dos hábitos alimentares e melhora da relação do indivíduo com a comida e seus impulsos de fome. É um método de tratamento usado há vários anos, mas que se aprimorou com a qualidade e segurança dos balões mais modernos.

O processo de colocação no paciente é pela endoscopia, sob sedação leve, ou seja, sem necessidade de anestesia, com preenchimento guiado que  dura em torno de 20 minutos. Após a colocação, é feito o enchimento do balão com 500 a 800 ml de uma solução salina com contraste e corante. O paciente fica com o balão de seis meses a um ano, quando é então retirado também por endoscopia.

Principais vantagens:

  • Reversibilidade: o balão pode ser retirado a qualquer momento em caso de alguma intolerância;
  • Segurança: baixo risco de complicações;
  • Repetitividade: pode ser colocado sucessivas vezes, se necessário.

Outra vantagem é que por promover emagrecimento sem necessidade do uso de medicamentos moderadores de apetite com ação no sistema nervoso central, é uma boa alternativa para pacientes que apresentam intolerância, contraindicações ou ausência de resposta com esses medicamentos. Entretanto, é importante ressaltar que é um método temporário e que necessita de forte comprometimento por parte do paciente. Possui, ainda, um custo mais elevado que o tratamento medicamentoso.

Embora a perda média fique entre 15 a 20% do peso inicial, ela é extremamente variável e depende também de vários fatores como peso inicial, adaptação, volume de preenchimento, disposição emocional para mudanças, adesão ao controle clínico e nutricional, grau de atividade física, metabolismo basal, entre outros. A perda mínima esperada para se considerar que o tratamento foi bem sucedido é de 10% do peso inicial, mas há vários pacientes que perdem mais de 30 kg. A motivação e a disciplina para implantar as mudanças são os grandes determinantes deste resultado.

Indicações

O balão intragástrico está normalmente indicado para pacientes com obesidade e que já tentaram os outros tratamentos clínicos, como: dieta, atividade física e medicamentos – mas tiveram resposta insatisfatória. É também indicado para aqueles que não toleram medicamentos devido aos efeitos ou não podem usá-los devido a alguma doença ou condição clínica. A Anvisa, órgão regulador do Brasil, aprovou seu uso para pacientes acima do IMC 27 (sobrepeso) e vários estudos já avaliaram o BIG em pacientes pré-obesos com boa resposta e segurança.

 

Antes de se proceder a colocação, é importante avaliar se o paciente não possui contraindicações, como: úlcera péptica, hérnia hiatal significativa, passado de cirurgia gástrica, problemas de coagulação, esofagite grave, uso crônico de anti-inflamatórios e alcoolismo. Por isso, a importância de se realizar exames laboratoriais e uma endoscopia prévia. Deve ser feita, ainda, uma avaliação psicológica para avaliar o grau de comprometimento, compreensão e expectativas por parte do paciente.

Riscos

As complicações mais observadas nos estudos foram em pacientes que não voltaram para retirada do balão no prazo recomendado, o que denota a importância de uma boa aliança médico-paciente no momento de se indicar este tipo de tratamento. Devido à presença do corante no balão, em caso de esvaziamento, o paciente perceberá uma cor azul na urina ou nas fezes que o alertará para a procura de orientação médica e programação da melhor conduta.

A colocação de um balão intragástrico pode ser apenas transitória, caso não haja um envolvimento do paciente com as mudanças na alimentação, estilo de vida e, principalmente, da autoestima, que poderão ser alcançadas neste tratamento. Por isso, há um grande enfoque no preparo e acompanhamento profissional para que o paciente não se apoie na ilusão de que apenas preencher o estômago com um balão de silicone irá resolver, de forma mágica, seus problemas. É de suma importância lembrar que a recuperação de peso pode ocorrer com qualquer modalidade de tratamento da obesidade (até mesmo nas cirurgias bariátricas) se não houver uma participação ativa do paciente no processo.

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Endoscopia – Sobed